sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Reencontro(s)

O rosto era o seu. (Seu rosto de menina).

Eu não tinha muito o que fazer além de observá-la, discretamente. Tímido do jeito que eu sempre fui, desde os meados dos anos oitenta, não conseguia me conter. Acho que ela percebeu o quanto a sua beleza me constrangia.
A Carolina veio falar comigo. Ela veio falar comigo!
- Renan! Quanto tempo!
Ela me reconheceu.
Carolina continuava linda, do jeito que sempre foi.
Eu não queria contar que a minha vida estava um caco: comecei a fumar depois que terminamos o colegial no final dos anos noventa. Mas pelo meu sorriso sem graça, ela percebeu que eu não tinha tantas novidades assim...
- Carolina...  Você continua tão linda...
Foi o que eu pensei de imediato a falar, mas no final do meu raciocínio só saiu um "Oi Carolina". Como eu pude deixar escapá-la?
Ela gostava de ouvir música folk e tocava violão muito bem. A gente se conheceu no início do colegial, e nos desconhecemos no baile do último ano do colegial.
Mas ontem, Aaah... Ontem! Carolina gravava nomes e datas como ninguém!
Fiquei me perguntando como ela conseguiu me reconhecer naquela lanchonete tão lotada... Antes que eu estragasse tudo pela segunda vez, mantive os meus pensamentos calados.
- Você ainda está morando com os seus pais?
"Não. Mas o que eu queria era morar com você, Carolina". Só que eu me calei. Calei os meus pensamentos pela segunda vez naquela noite.
- Não moro mais com os meus pais. Estou morando num apartamento que eu comprei.
Ela sorriu com uma afeição. Um sorriso de gratidão à vida por ter me proporcionado aquele reencontro.
A gente não tocou em nenhuma palavra que se referia ao nosso passado. Foi melhor assim.
O celular de Carolina tocou. Ela o atendeu. Acho que a ligação era muito importante, pois aquela moça bonita, dos olhos verdes tirou o sorriso que me cativava e o trocou por um olhar sério. Ela teve que sair. Carolina partiu pela segunda vez, e por culpa deste ser que vos escreve, eu não a impedi. Na ânsia de tê-la novamente, voltei para casa com um único pensamento:  eu só queria mais um reencontro...



  Quando te vi tive a certeza de que não seria a última vez.

Por quê o meu telefone foi tocar justo naquela hora?
Eu só o atendi porque era urgente. Eu tive que sair daquela lanchonete porque era a minha mãe ao telefone.
Mas quando eu voltei, o Renan já não estava mais por lá!
Era incrível como a sua timidez ainda o constrangia. A timidez dele me contagiava também.
Será que ele ainda sabia que eu gostava de ouvir música folk e que eu ainda sabia tocar violão? Os anos se passaram depois daquele baile. Ontem, na lanchonete, os minutos se passaram também.
Tentei puxar assunto e eu comecei com a pior pergunta. O perguntei se ainda morava com os pais.
"Porra, Carolina". É, eu sei... A euforia de puxar assunto foi pior do que o meu raciocínio.
O Renan continuava encantador. Sempre foi.
O destino brincou com a gente, mas brindou conosco naquele reencontro. No instante em que eu parti, torcia para que o Renan ultrapassasse a sua timidez e me impedisse naquela saída da lanchonete. Mas nada aconteceu do jeito que planejei.
Depois de ontem, naquela lanchonete, cheguei ao meu apartamento e fui até a sacada abafar a minha euforia. E fiquei pensando no Renan.
Graças ao acaso e àquela pergunta ridícula que eu fiz a respeito de sua moradia, que o apartamento que o Renan mora atualmente, fica em frente ao meu prédio.
Enquanto a minha euforia ia embora, reparei daquela sacada que o dono daqueles passos era os de Renan. Ele entrou no prédio, mas ele não me viu.
Se ele ainda desejou, um dia, me reencontrar... reencontrará!
Nos reencontraremos!

Boa noite, diário!

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