sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

A rotina

O despertador não tocou no horário previsto. O silêncio predominava qualquer miado dos gatos que viviam na varanda. Eu estava, mais uma vez, atrasada. Correr contra o tempo nunca foi o meu forte, porém, era o necessário. Uma noite mal dormida. Um sono acumulado e alguns dias da semana para sobreviver.
A máquina, as pessoas, os estranhos. Componentes da minha rotina. Rotina.
Fim de tarde. Eu e o tempo. Alcançá-lo, e se possível, ultrapassá-lo.
Descer as escadarias para entrar num trem com ar condicionado. Ler o livro que vivia na mochila encantada. A viagem não limitava a leitura. O calor eternizado abafava qualquer tipo de situação. Os olhares. As curiosidades. O cansaço.
Os degraus continuavam. Cidade de pedra me recepcionava. O metrô sem o ar condicionado não. Caos. Atraso. Informações. E mais caos. E por fim, o destino desejado.
Subir as escadas para chegar no segundo andar daquele prédio obscuro, porém, caloroso. Os degraus não tinham fim.
Risos, conversas e concentrações. Matando um leão por dia. Tentando ser o que tantos acham que eu posso ser. E serei!
A volta para a casa. As pessoas estranhas e os olhares continuavam, mas, no sentido contrário. A viagem duradoura. O trem, que por sorte ou não, era agradável. Tempo. E mais tempo.
O agradecimento por mais um dia.
O silêncio da casa permanecia. O banho rápido, mas, precioso, justificou que já era tarde da noite. Todos dormiam. Menos eu.
Por fim, a cama, o lençol e o travesseiro permaneciam lá, quase intactos. 
E a certeza de que o meu velho e querido despertador toque no horário previsto amanhã de manhã. Se possível, sem atrasos.
Até amanhã.