domingo, 9 de dezembro de 2012

Se for pra sempre seja breve

Era início de setembro no ano de 2008. Um tiro no escuro, um frio na barriga, um "o que vai ser? O que será?". Não sabiam. Se arriscaram. Não foi fácil. Se entregaram à música, à arte e à vida. Lindos e radiantes. Lá estavam eles se arriscando, se entregando.
Quatro anos na estrada renderam um DVD gravado em Porto Alegre, amigos, sorrisos, alegrias, parcerias. E muita coragem. E muita música.
Foram tantos laços, tantos caminhos percorridos que quando eu li que o Pouca Vogal acabou neste último final de semana, pensei: durou o que tinha que durar. E será infinito.
E aquele tiro no escuro deu certo. Os fãs de ambas bandas aceitaram e reconheceram o talento misto dos gaúchos tri legais.
Tive o prazer de vivenciar dois shows do Pouca Vogal em São Paulo. Graças a menor banda do rock gaúcho pude conhecer as melhores pessoas do universo, as melhores amizades.
Como eu posso agradecer a esses caras que me fizeram tão bem nestes quatro anos? Busco palavras. Mas o carinho domina tudo isso.
O 11 de setembro de 2008 será marcado pela coragem desses homens. Sabe por quê? Porquê não foi fácil. Eles tinham suas bandas, suas vidas, suas rotinas e mais uma vez, se arriscaram aos 46 do segundo tempo.
E os fãs? Aaah, os fãs são os melhores. É a melhor parte desta história, desta trajetória. Nada funcionaria se os fãs não estivessem lá, apoiando. O reconhecimento não bateria na porta destes gaúchos se não fossem os fãs. Eu sou fã. Eu apoiei. E sempre estarei apoiando o Gessinger e o Leindecker, pois, enquanto eles estiverem criando, compondo e cantando independentes, estarei lá para dar um apoio de fã. Não, meu caro leitor, não sou puxa-saco. Afinal, não tenho vocação para isso.
Eu, uma pessoa alto-crítica, que está falando tão bem dessa banda não é algo por acaso. Nada é por acaso.
E o talento? Como eu posso definir o talento do Humberto e do Duca? Talento é dom. Eles têm o dom.
Confesso que esse post é uma despedida aos caras que sabem fazer música. Não sei me despedir porque não gosto de despedidas. Mas se eles estão se despedindo de nós, eles sabem o por quê.
E como será daqui pra frente? Sobre o HG, tantos fãs dizendo que os Engenheiros do Hawaii irão voltar. Não, os EngHaw não vão voltar. Entendam! Sobre o DL, eu daria a metade do meu tudo para saber se a banda Cidadão Quem voltaria. Mas prefiro não me arriscar.
Graças a esse projeto paralelo, pude conhecer melhor a banda Cidadão Quem. Graças a esse projeto paralelo, pude perceber que a vida não gira em volta da mesmice.
Muito obrigada Humberto Gessinger e Duca Leindecker, de verdade! Obrigada por me mostrarem a coragem, a sabedoria e a paciência. Obrigada pelas músicas, pelos shows, pelos amigos, e pela saudade que irei sentir. Ou melhor: já estou sentindo.
Obrigada pelos quatro anos na estrada. Obrigada por vocês terem se arriscado por nós, seus fãs.
Desejo ao HG e ao DL um poço de coisas boas. Independente do que ambos irão fazer, sei que farão o melhor.
Um projeto paralelo que chegou tímido, mas com o passar do tempo conquistou o seu espaço e mostrou a sua credibilidade e confiança.
Obrigada aos componentes que deram espaço a esse projeto. Uma equipe fantástica. Amigos e fãs. São amigos e são fãs.
Paro por aqui antes que o meu café esfrie, mas levarei comigo um sentimento profundo e eterno por esses caras: a admirarão.


Texto: Ellen Rodrigues Visitário
Foto: Bel Gasparotto

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Para senhorita Perfeição.

Olá Perfeição!
Tudo bem com você? E com os seus direitos?
Sim, direitos! Afinal, você tem tantos direitos, não é?
Direitos de amar, odiar, se apaixonar, se amargurar, ser dramática...
O que foi senhorita Perfeição? O que está acontecendo com você?
São os sentimentos?
Ó sentimentos, deixem a senhorita Perfeição em paz...
Só por que ela erra? Só por que ela odeia?
Oras... Quero outros motivos. Sim, motivos.
Deixa-a errar, amar, até mesmo, me odiar.
Odeie. Você tem esse direito. Mas sem crueldade. Odeie sendo justa.
Há possibilidade em odiar sendo justa? Sim, claro!
É só deixar a sua ironia de lado, que tudo fluirá bem.
Você sabe senhorita Perfeição, que os tempos mudaram, cada um fez seu próprio caminho, e cá estamos nós, como sempre estivemos: aturando-nos.
Mas enquanto eu estiver com os meus pés no chão, você estará aí, senhorita Perfeição, me dizendo o quanto sou infantil, o quanto sou ciumenta, o quanto eu sou o que você achar do que eu posso ser ou não ser. Você tem direito, mas não tem razão. Infelizmente.
Mas lembre-se: a senhorita Perfeição também erra, afinal, você já sabe que isso é um direito de todos.
Talvez, essas palavras serão ditas pela última vez. Pela última vez numa semana.
Senhorita Perfeição, sinto em te dizer que preciso ir embora. Você não precisa de mim, mas precisava me ouvir.
Enfim, que os frutos daquele início tragam boas coisas à senhorita. Aquele início onde tudo eram flores. Recorda-se? Não... Talvez você não se lembra, por quê a senhorita Perfeição não consegue lembrar mais das coisas boas, que um dia, trouxeram graças à senhorita...
Assim, numa galáxia muito distante...

Mais uma vez, cuida-se com os seus direitos de amar e me odiar, senhorita Perfeição, porque de uma forma, ou outra, não sentirei a sua falta. 

quarta-feira, 4 de abril de 2012

A última carta.

Aquele eterno medo de perder as pessoas que um dia me fizeram feliz. Aquele eterno sonho de te fazer muito feliz. Aquele sonho de sonhar... E sonhar... E continuar a sonhar.
Parece que foi ontem quando eu te vi pela primeira vez. Parece que foi hoje quando eu te vi pela última vez.
Eu quero que um dia, alguém sinta a minha falta.  
Por que é preciso. I need.
Talvez as minhas palavras escapem perdidas.
Sempre sonhei em usar esse drama como um escudo, mas não perto de ti, por que sinto em te perder.
Mas a vida é sua e você precisa seguir, sem mim.

Queria dizer a você que poderia durar para sempre, mas isso é amor platônico. Amor platônico não é para sempre. Desculpa-me.
E você mal me conhece. Infelizmente. Por que se soubesse, não me deixaria partir pela segunda vez.
Talvez seja ciúme. Odeio sentir ciúme por uma pessoa que não merece o meu amor.
Sim, o amor está escapando feitas aquelas palavras...
 Eu também não te conheço o suficiente para depositar todo esse meu amor. Que pena.
Preciso me desapegar e tentar terminar essa carta sem muito que dizer, afinal, eu sei que falo coisas que não deveriam ser ditas. Mas é o amor. Acredite!
Enquanto eu me supero, sem te ver, mas sabendo que estás bem, ficarei com a minha eterna gratidão.

Um turbilhão de sentimentos. Meu raciocínio se perdeu. Mas, me ignore, assim, como você sempre fez. Não sinto raiva de você, não quero e não preciso dessa raiva. É só o ciúme bobo.
Interprete esta mera carta a quem e como quiser.
É só uma despedida.
Mas por favor, não sinta pena de mim. Sinta saudade. Por que eu sei, que um dia, sentirei a sua falta, como sinto agora.
Cuida-se sem mim que cuidarei de ti em meu coração.

-

segunda-feira, 19 de março de 2012

Todo mundo é uma ilha.

Não me leve a sério, não me leve a mal, me leve para casa. Eu sou um bom rapaz, eu só bebi demais, preciso ir pra casa.Você me procurou, eu procurei dizer que não valia a pena. Você não escutou, você me acusou de estar fazendo cena. Não me leve a mal, mas eu não tô legal, quero ficar sozinho. Eu sou um bom rapaz, mas eu não sou capaz de seguir o teu caminho. Você não sabe o que eu sinto, você não sabe quem eu sou. A gente entrou num labirinto, eu dancei, você dançou.
Agora é tarde, já não tem mais jeito, já não tem saída. No fim das contas, a gente faz de conta que isso faz parte da vida. Eu caí, você caiu numa armadilha, a gente tenta se esquecer que todo mundo é uma ilha. Agora já é noite, já não faz sentido ficar se iludindo, no fim das contas a gente faz de conta que o mundo não tá caindo.
Você não sabe o que eu sinto, você não sabe quem sou eu. A gente entrou num labirinto, eu dancei, você dançou!
(Engenheiros do Hawaii)

quinta-feira, 15 de março de 2012

130 anos.

Caro é transforma-se em um arremedo de si próprio a ponto de nem se reconhecer mais.
Hoje eu tenho 130 anos, isso não estava nos meus planos.
Você sabe, a desordem é tenaz.
Tantos laços, tantas amarras, os controles, prentensões, nada adianta se o vento não soprar. Esse vento sob minhas asas, eu não mando mais em nada.
Sei que é alto, mas eu vou pular.
O que todos vão dizer? E aonde vão chegar? Nem os olhos podem ver...
Decidido, eu não volto pra casa!
O lar é o corpo, e todas as palavras que a vontade conseguir pensar. Segue o vento sob minhas asas, eu não mando mais em nada. Sei que é alto, mas eu vou pular...
(Agridoce)

quinta-feira, 8 de março de 2012

Cálice.

Pai, afasta de mim esse cálice de vinho tinto de sangue...
Como beber dessa bebida amarga, tragar a dor, engolir a labuta. Mesmo calada a boca, resta o peito, silêncio na cidade não se escuta. De que me vale ser filho da santa, melhor seria ser filho da outra.
Outra realidade menos morta. Tanta mentira, tanta força bruta.Como é difícil acordar calado, se na calada da noite eu me dano. Quero lançar um grito desumano que é uma maneira de ser escutado. Esse silêncio todo me atordoa, atordoado eu permaneço atento. Na arquibancada pra a qualquer momento ver emergir o monstro da lagoa.De muito gorda a porca já não anda, de muito usada a faca já não corta.
Como é difícil, pai, abrir a porta. Essa palavra presa na garganta, esse pileque homérico no mundo.De que adianta ter boa vontade mesmo calado o peito, resta a cuca. Dos bêbados do centro da cidade.Talvez o mundo não seja pequeno, nem seja a vida um fato consumado.
Quero inventar o meu próprio pecado, quero morrer do meu próprio veneno. Quero perder de vez tua cabeça, minha cabeça perder teu juízo. Quero cheirar fumaça de óleo diesel.
Me embriagar até que alguém me esqueça.
(Chico Buarque)

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Perfeição.

Vamos celebrar a estupidez humana, a estupidez de todas as nações, o meu país e sua corja de assassinos, covardes, estupradores e ladrões.Vamos celebrar a estupidez do povo, nossa polícia e televisão, vamos celebrar nosso governo e nosso Estado, que não é nação. Celebrar a juventude sem escola, as crianças mortas, celebrar nossa desunião. Vamos celebrar Eros e Thanatos Persephone e Hades. Vamos celebrar nossa tristeza, vamos celebrar nossa vaidade. Vamos comemorar como idiotas a cada fevereiro e feriado, todos os mortos nas estradas, os mortos por falta de hospitais. 
Vamos celebrar nossa justiça, a ganância e a difamação, vamos celebrar os preconceitos, o voto dos analfabetos. Comemorar a água podre, e todos os impostos, queimadas, mentiras e seqüestros. Nosso castelo de cartas marcadas, o trabalho escravo, nosso pequeno universo. Toda hipocrisia e toda afetação, todo roubo e toda a indiferença. Vamos celebrar epidemias: é a festa da torcida campeã. Vamos celebrar a fome, não ter a quem ouvir, não se ter a quem amar. Vamos alimentar o que é maldade, vamos machucar um coração. Vamos celebrar nossa bandeira, nosso passado de absurdos gloriosos. Tudo o que é gratuito e feio, tudo que é normal. Vamos cantar juntos o Hino Nacional (A lágrima é verdadeira).Vamos celebrar nossa saudade, e comemorar a nossa solidão. Vamos festejar a inveja, a intolerância e a incompreensão, vamos festejar a violência e esquecer a nossa gente que trabalhou honestamente a vida inteira, e agora não tem mais direito a nada. Vamos celebrar a aberração de toda a nossa falta de bom senso. Nosso descaso por educação. Vamos celebrar o horror de tudo isso - com festa, velório e caixão.
Está tudo morto e enterrado agora já que também podemos celebrar a estupidez de quem cantou esta canção. Venha, meu coração está com pressa quando a esperança está dispersa só a verdade me liberta. Chega de maldade e ilusão. Venha, o amor tem sempre a porta aberta, e vem chegando a primavera. Nosso futuro recomeça: venha, que o que vem é perfeição. 
(Renato Russo)

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

O sonho.

''Um dia lindo, um dia quente, um dia abafado e ela só pensava em dormir, ao invés de pensar em você. Foram quantos minutos de ilusão? Foram quantos segundos de atenção?
Em 20 minutos de sono: um sonho - ela não lembra dos detalhes, mas se recorda de que a pessoa, em que sonhava, era especial.
Atravessa a rua, ia de um lado para o outro, na expectativa de que o ser especial a reconhecesse. Mas nada. Sem chance. Doce ilusão. Ela ficou de frente, de ''cara à cara'' com o ser, mas... Nada!
A TV ligada, com um volume que a fez despertar do sono. Ela fez cara de brava. Não queria acordar, não queria que o ser especial daquele sonho fosse embora... Mas foi. Meio tonta por conta da pressão baixa, ela ficou pensativa por 10 minutos, ou por 5 segundos.
Na pior tentativa de fechar os olhos e tentar voltar para aquele sonho, aonde a esperança daquele ser a reconhecesse mais uma vez... Ela não conseguia. ''Droga! Mas por quê?'' - Eu queria ter todas as respostas para as suas perguntas...
Naquele dia quente, ela se levantou da cama e foi em busca de ar, ou de respostas.
Por quê será que ela sonhou com aquele ser especial? Será um sinal? Mas será que ela acredita em sinais?
Independente de sem respostas ou de cem perguntas, ela sabia que o sonho não era por acaso.
Soube o que é sonhar. E há tempos não sonhava. E o quanto sonhar é bom, e o quanto faz bem à saúde. Sim, acredite e sonhe!
Passaram-se dias, ela adoraria que aquele sonho voltasse. Talvez para fazer diferente, fazer bonito.
Creio eu que a beleza já é o ato de sonhar.
Por incrível que pareça, não seria a primeira vez que ela sonhara com o ser especial.
Um sonho muito bom. Sonhar é sempre bom.
Talvez seja isso por hoje: um sonho.
O sonho.''