quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

De amar em vão , cansei!

Me arrisquei todas as vezes que eu estive ao seu lado. Me arrisquei pensando em você e nas tentativas de que iríamos dar certo. Eu, boba como sempre fui, acreditei em todas as palavras que você me dizia, em todas as frases de amor, solidão e angústia. Você me usava de todas as formas. E eu jurava que era amor. Você não me amava. Nunca me amou de verdade.
O sentimento ilhado continua aqui da mesma forma que você deixou. Peguei as suas tralhas e, ao invés de jogá-las do décimo quinto andar, simplesmente deixei na casa de seu primo.
Aliás, seu primo me disse que você já estava com outra. Quantas outras já passaram na sua vida quando você estava comigo?
Eu acreditei que iríamos dar certo. Eu acreditei na possibilidade de que iria subir no altar e jurar que viveríamos até o fim. Você mentiu. Eu me enganei.
Escrevo tudo isso na ânsia de desabafar tudo aquilo que eu não consegui dizer quando eu te vi aos beijos com Karina na saída daquele bar movimentado. A Karina é a sua nova outra?
Gostaria de te dizer também que não me tornei feminista. Saio com outros caras. Me divirto e volto pra casa. Sã, penso que tudo aquilo que não aproveitei contigo, aproveitarei com outros. Outros que são e que serão melhores do que você.
É claro que eu queria que as coisas fossem diferentes, mas você não depositou nenhuma gota de desejo por nós. Eu ainda choro, sim. Choro por acreditar que eu passei por teus braços como um objeto. Objeto fálico.
Aprendi a fumar por sua causa. Um perigo que se tornou refúgio após aquela cena imperdoável. Sim, me tornei o dobro do que eu era no requisito calculista. Culpa daquele maço de cigarro substituindo o nosso primeiro e último porta retrato sob a estante. O porta-retrato se tornou pedaços. 
Também aprendi a ser o que eu sempre quis ser. Onde você não queria que eu fosse. Hoje eu sei o quão sou importante para mim mesma. O quanto o egoísmo faz parte de mim. Não me tornei uma pessoa amarga. Só me tornei alguém mais esperta. Se é que você me entende.
Nenhuma carta com tantas palavras irá traduzir o que hoje eu sinto por você, Diego. Eu não consigo te odiar.. Só consigo sentir pena de você. Sinto que o seu fim não será tão calculista a ponto de achar que todo final será feliz. Não da forma que você deseja. Não do jeito que o destino quer.
Antes que as cinzas do meu cigarro se esbarre nas vírgulas, finalizo te dizendo que te entregarei esta carta olhando nos seus olhos. Eu sei que será difícil. Deve ser difícil para alguém que está lendo agora. E espero que não seja nada fácil pra você.
E desta forma que te demonstro que eu posso ser forte sim, que eu posso ser feliz sim. E a melhor parte é que será sem você.
Por fim e pela última vez, se possível nesta e nas próximas vidas, adeus, Diego. Adeus.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

De outros carnavais, com outras fantasias...

Às cinco horas da tarde o sol continuava a arder. Fernanda detestava todo aquele sol, todo aquele verão interminável de dois anos atrás. E detestava a ideia de ir caminhando até o ponto de ônibus. Ardendo. Ela era a única a estar debaixo daquele sol já às cinco e vinte da tarde, esperando o ônibus que nunca chegava.
Fernanda tinha sonhos. Sonhava acordada todos os dias. Enquanto tentava voltar ao mundo real, Fernanda abriu a sua bolsa, caçou por dois minutos os seus fones e os plugou em seu celular. "Preciso atualizar esta playlist", disse Fernanda.
O ônibus chegou. Fernanda entrou. Cumprimentou o mesmo motorista, e ultrapassou a catraca. Sentou-se no mesmo banco de sempre onde o sol não atrapalhasse. O ônibus estava vazio. Quase vazio. Eram as mesmas pessoas. Os meus cheiros. As mesmas paradas.
Numa dessas, um homem bonito, que aparentava ter seus 27 anos, sentou-se ao lado de Fernanda. A Fernanda nunca reparava nas pessoas que sentavam ao seu lado na ida e na volta do trabalho. Mas dessa vez foi diferente.
Atração. Essa foi a palavra e o sentimento que a Fernanda sussurrava para si mesma. Tentou tirar a pior cara de sono, sentou-se corretamente, desconcertada, no banco. O homem a olhou. Ela desviou o olhar.


"Que menina linda", disse Celso, ao olhar para a moça tímida que já estava sentada quando se sentou naquele ônibus quase vazio. O Celso acreditava em destino. Já aquela menina, em sonhos.
Parecia besteira, mas era o acaso. Acaso e destino. Sonhos e mais sonhos. Em qual você acredita?
Celso não iria entrar naquele ônibus se não fosse um único motivo: ele já conhecia a Fernanda de outros carnavais. Era o destino! Talvez. Uns acham que foi atração.
Os dois fortaleceram as amizades. Se conheceram melhor. E Fernanda não foi pra cama com ele no primeiro encontro. Celso era diferente.
Fernanda deixou de sonhar acordada debaixo daquele sol de verão. Criou motivos para acreditar em destino. Acreditou no destino quando aquele mesmo rapaz que a olhou dentro daquele ônibus, sorriu para os seus olhos antes que a Fernanda desviasse o olhar.
Não me pergunte se foi amor à primeira vista. Não sei mais se foi acaso ou destino. Foi o amor.
Sim, o amor.