quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Another time!

São três horas da madrugada, e eu não consigo deitar a porra do meu corpo na cama e, enfim, dormir. Porque a mente não para. Ainda estou vestida com a camisa preta e com aquela calça jeans desbotada. 
Nem quando eu tinha 17 anos eu achava que um dia me encontraria desnorteada. Me desnorteio com as minhas próprias ideias.
Há onze meses oscilo de humor com uma frequência absurda. "Caralho! O que eu estou fazendo de errado para nada dar certo?". Parece que nasci para me cobrar - até porque, a minha futura profissão exige certas cobranças indispensáveis.
Ando angustiada, sim. Mas pra quê transparecer? Tenho que ser forte. Tenho que manter o sorriso no rosto. Tenho que falar para mim mesma que está tudo bem, ou que ficará tudo bem.
Mas eu estou cansada.
Cansada de perceber que não consigo ter disciplina para cumprir com os meus planos. Que ódio! Não era para ser assim. Era para ser diferente! Era para eu me cobrar menos. Era para eu ter menos preguiça e mais disposição. Era para eu acordar cedo. Era para eu me desvincular de um monte de coisa, de um monte de vício, de um monte de pragas. Era para eu dormir antes das 02h. Era para eu me dedicar a isto e não aquilo.
Viu só? Eu e a minha lista de culpas.
Daqui a pouco dezembro chega. O mês mais diabólico - com todo respeito - na minha visão. Porque é o mês que eu e você fazemos uma porrada de anotações do que fará "de novo" no ano seguinte, mas, não cumpre. Passam 12 meses e a lista continua intacta.
Eu preciso de distância. Ou melhor: eu preciso me distanciar. Nem eu e nem você - muito menos você! - precisa dar atenção a esse monte de lamento.
É horrível se sentir assim: um estranho no ninho. Deve ser mais uma crise existencial que para você, deve ser besteira. Deve ser essa oscilação de humor. Deve ser a TPM. Deve ser a saudade. Deve ser a vontade de fazer diferente -, mas, estacionar. Estacionei.
"Calma, menina! Você é nova! Tem muito o que viver pela frente!"
Mas, sabe qual é o problema? R: ansiedade. Sou ansiosa. Vim a esse mundo com três meses antecedendo os 09 meses de gestação da minha mãe. Isso explica muita coisa. Acredite!
Tá foda. Mas tô viva!
E outra vez vou tentar reconciliar comigo mesma. Outra vez vou dizer a mim que é possível. Outra vez daquela outra vez perdida. E torcer para que seja diferente. Outra vez.

Não se preocupe. Vai ficar tudo bem.

Pelo menos, pelo menos.

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

E o teu momento passa a ser o meu instante...

Vem cá, meu bem, que é bom lhe ver
O mundo anda tão complicado
Que hoje eu quero fazer tudo por você.

Eu não sei muito bem como dizer, mas não queria deixar de te dizer. Às vezes ando pela casa relembrando o teu olhar e ar de quem se apaixona pela primeira vez. Como foi mesmo que tudo isso aconteceu?
Como era mesmo aquele medo que você sentia antes de se arriscar por nós? Substituímos o medo pelo frio na barriga naquela noite, lembra? 
Eu não quero acordar. Eu não quero acordar para ir trabalhar e te deixar na nossa cama. Eu não quero te deixar. Eu não quero que você se vá. Eu não quero.
Eu confesso que ainda não aprendi a fazer declarações tão singelas quanto as suas. Você me arranca cada sorriso, cada sílaba, cada suspiro...
É, deve ser amor mesmo. Muito amor. E se não for amor, eu não sei como definir tudo isso que sinto por você.
Eu queria fazer de você um amuleto para que eu pudesse te carregar para sempre. Eu sei que pertenço a ti. E vice-versa. Mas a saudade que sinto de você, de nós, me machuca.
Começo a me arrepender a escrever tudo isso, porque da mesma maneira que eu queria dizer - gritar! - ao mundo que estou amando; ao mesmo tempo, queria preservar tudo isso. Talvez por egoísmo de minha parte. Eu queria te blindar, você sabe disso. Queria que o mundo só pertencesse a nós. Pois, de certa forma, tenho medo de perder tudo isso. De te perder. E eu não quero te perder.
Quero saber das suas manias. E quero que você descubra as minhas. Quero preparar o nosso café. Quero brigar com você para que a nossa reconquista seja tão prazerosa quanto as nossas noites anteriores. Quero passar horas digitando no teclado do computador para que você chegue e me tire de lá como se me tirasse para dançar. Quero descobrir coisas novas contigo, e reviver coisas que já sabemos lidar. Quero chorar no seu colo. Quero ficar puta com o mundo lá fora, e me afogar nos seus braços como se fossem um refúgio. Quero chegar tarde e te encontrar dormindo. Quero dormir com você. Quero transar com você. Quero ser amor com você. Quero ficar sozinha - com você. Quero te dar orgulho. E prazer. Quero adotar mais dois gatos e te dizer que os nomes você pode escolhê-los. Quero tanto contigo, e tudo também. Quero ficar em silêncio, mas não longe de você. Eu quero. E você quer também. O tanto - ou mais - do que eu. Queremos.

Preciso ir. O despertador tocará daqui a pouco.

Mas, antes: te agradeço por você ter sido a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Mesmo em segredo.

Mas você é o meu melhor segredo. Nunca se esqueça disso.

Amo-te.

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Pra poder te gravar em mim

Eu queria deixar tudo pronto. Eu queria deixar do jeito que você gosta – ou do jeito que gostaria que fosse.

Mesa posta.

Nem nos meus melhores sonhos eu poderia imaginar que aquele dia pudesse acontecer.

Enquanto eu lavava a louça, meu riso corria fácil ao me recordar de quando a tia Rose dizia que eu não tinha jeito para cozinha, e olha só quem fez o almoço especial à sua espera.

Toca o telefone.

Eu nunca acreditei quando a tia Rose dizia com certa ironia esboçada em suas palavras que eu era desastrada – até eu tropeçar na banqueta quando me dirigi à estante de madeira marfim.

Era você.

Após o telefonema, tentei disfarçar todo aquele meu jeito desastrado quando decidi prender os meus cabelos com a caneta. Queria estar bonita para te receber – mesmo vestida com aquela camiseta-pijama e uma bermuda jeans escura.

Na pressa, bati a porta do apartamento, e nem me toquei na Dona Reclamona do 405 que fez cara feia quando ouviu o estrondo.

Dane-se. Eu estava feliz.

A caminhada até o metrô me fez ensaiar todas as palavras que eu queria dizer a você.

Reencontrei-te. Nos reencontramos.

O abraço.

Um abraço apertado.

E voltamos. Para o apartamento.

Eu não sei se eu deveria acreditar em seus elogios sobre o almoço que eu fizera naquela tarde. Eu mal conseguia acreditar que você estava ali. Só pra mim.

Enquanto você fazia o bom moço ao arrumar a cozinha para mim, eu me distraía no seu jeito doce e misterioso.

Brincamos. Rimos. E nos beijamos.

Universo nosso. Único. Nós dois e mais ninguém.

Teu riso foi se perdendo quando reparou que precisava partir. Como das outras vezes.

“Tudo bem” – eu respondi. Mas não estava.

Queria demonstrar pra você que eu ficaria bem mesmo com a sua partida, então eu decidi não me despedir.

Você se foi. E eu fiquei. Outra vez.

Mas quando tranquei a porta logo que você saiu, decidi não me entristecer.

Afinal, você voltaria.

Como das outras vezes.



Do you remember?

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Além da escrita

Eu queria escrever. Mas eu não queria escrever qualquer coisa pra ti. Te sentir seria um presente que do qual eu não dispensaria. Apesar das verdades. Apesar dos pesares que pesam na minha consciência.

Não sei se estou no caminho certo. Não sei se ficar na retaguarda seria uma válvula de escape. Não sei como vai você.
E se você partir? Sem mim?

Hoje de manhã, alguém bateu na porta. Como aquele sonho que te contei um dia, eu achei que seria você. Mas você partiu.

Ainda estou aqui tentando escrever algo que remete a você sobre nós. E nessas ânsias de acertar, idealizei um futuro que não me pertence.

Acho que é melhor assim.

Partir.

Sem se despedir.


Trilha Sonora: