quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Como se fosse um efeito dominó...

Dessa vez eu acordei com a expectativa que os meus 29 anos de vida não fossem regados de saudades de você. Mas foi impossível, Ruan. É incontrolável.
E eu sei que a culpa não é sua. Não tenho o direito de te culpar, afinal, quem saiu daquela sala de estar pela última vez, fui eu. Eu: a culpada.

Tento buscar refúgios de um passado que nos pertenceu, buscando-me no fundo desta bebida alcoólica as respostas das minhas incertezas.
Não sei por onde você anda e muito menos quem é você realmente. Parece que você aprendeu algo comigo: sair sem se despedir.
E tento também, com a minha rotina insuportável, enfrentar e disfarçar o que eu escondo num olhar tenebroso. 

Sinto-me incapaz de reagir com essa minha tristeza abafada, Ruan. As minhas súplicas nos fins de noite são ensurdecedoras. Engano-me como se fosse fácil, mas não é.
Crio personagens como se fossem salvações desta ser que teme em voltar a te procurar.

Mudo-me de cidade.
Mudo-me de emprego.
Mas não consigo deixar as bagagens que você deixou dentro de mim.
Parece um karma que me persegue.
Parece que você ainda está aqui. E não está.

Não choro, por que não sei chorar com essa mera facilidade que os sentimentos indesejáveis nos fazem transbordar, mas quando eu te tiro de um plural que já foi nosso, machuca.

Já busquei outros homens, outras transas, outros amores, outros cheiros.
Não sou uma mulher robótica. Permitia-me sentir prazer com as sintonias que me rondavam num tempo que substituía os pensamentos em noitadas duradoras.
Mas, você... Ah, você!

Não sei quando a minha vida voltará a ser uma fábula. Não espero por ti esta dádiva.
Mas, ainda espero que o dia de hoje não me dobre como um dia crucial.

E mesmo sem você.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Respeitável público...

Resgatei a minha infância em algumas lágrimas derramadas durante um depoimento que eu mesma concedia num ambiente contagiante.
Deparei-me que ainda há sentimentos empurrados dentro desta ser que, por bem ou por mal, não repara em si própria. Que vê um turbilhão de defeitos dentro de si, e acha, que por algum motivo, não sairão pelos poros.

Sim, chorei ao relatar uma experiência que eu tenho guardada há muitos anos: o sabor da infância revivida num lugar tão simples e cheio de histórias.
Ah, as cores, os risos soltos, a alegria imensurável e aquele brilho nos olhos voltaram após quatorze anos.

Ás vezes paro e me pergunto se ainda dá tempo de sorrir sem nenhum pretexto... Entende?

Quando eu era criança, ficava contanto nos dedos das mãos quantos anos demorariam para eu alcançar a maior idade. A alcancei. E não anseio mais por isso.

Mas que bom que ainda há pessoas que nos fazem sair desta zona de conforto. Motivo das lágrimas daquele depoimento.

Tantas e mais tantas recordações que eu posso lhe descrever a cada detalhe quando eu vi aqueles personagens caracterizados pela primeira vez, ainda criança.
Ainda lembro o trajeto e quem estava ao meu lado. E por agora: não está mais tanto assim.
Que sorte a minha ter estas recordações guardadas como se fossem tesouros preciosos. E são. Acredite!

Espero ter a sorte de nunca esquecer destas recordações, mesmo que a menina tenha crescido e se deparado com um mundo que lhe espera lá fora sob luzes artificiais.