quinta-feira, 28 de março de 2013

Nossas vidas.

Você não me conhecia quando me ofereceu abrigo pela primeira vez. Um flash, e cadê você agora?
Você não me conhecia quando sorriu para mim. Minutos depois, e você já tinha ido embora. Que vida engraçada... Sim, engraçada. Acho graça pelo motivo de não ficar brava contigo. Não fico brava contigo porque hoje você me conhece.
Conhece-me tão bem que me trouxe rosas, mesmo eu não gostando de receber flores. Quando poderei te ver de novo, meu anjo?
Anjo, meu querido anjo... Londres ficaria tão mais bonita se você estivesse aqui comigo.
Faz frio agora, muito frio! Nenhuma lareira, chá quente ou coberta me esquentaria quanto os teus braços.
Amanhã será um novo dia, e esta minha rotina seguirá firme. Seguir parece ser tão difícil. Mas, assim está sendo.
Nos tempos de chuva, lembro-me de quando você me abrigava. Hoje a nossa amizade é um refúgio. Mesmo que eu esteja tão distante, não quero que você imagine que foi um erro o nosso tempo. Aprendi com os deuses que o tempo é sagrado àqueles que sabem apreciar o seu próprio tempo.
Será que o tempo foi o nosso inimigo? Acho que não. Para te falar a verdade: não tenho certeza de nada. Nunca tive. E mesmo que as dúvidas me cerquem, eu ainda gosto de imaginar como o tempo foi o nosso sábio companheiro.
Já está tarde. Descobri que Londres é um lugar do silêncio. Preciso me silenciar também.
Anjo, esta carta estará sob o criado-mudo do teu lado esquerdo da nossa cama. Despeço-me desta forma para que a nossa vida continue da mesma forma que sempre foi: distante.
Será que você lerá esta carta? Será que você está lendo esta mera carta? Será que despedida combina com desculpa?
Aah, os pontos de interrogação... Prometo a ti que pararei de te questionar.
Espero te reencontrar só para ouvir de você que a minha caligrafia, contida nesta carta, é a mais bonita. Ou apenas receber o seu abraço como um símbolo de afeição. Porque eu não quero tratar nenhuma despedida como um ato de ruindade da minha parte. A parte boa foi o tempo que você me conhecia.
Cuida-se, anjo.