sexta-feira, 5 de setembro de 2014

O caminho do anoitecer

Nunca imaginei que eu teria uma vida tão agitada no auge dos meus vinte anos.

Cinco horas da tarde: fim de expediente. E a única ânsia que eu prevejo é a minha ida até a estação de trem daquela cidade pacata e distante da capital paulista.

Embarquei. Aparentemente, sigo um ritual diário: sentar-me num banco de um vagão premeditado que me traga a vista de uma janela.

Percorro por lugares distraídos da zona leste de São Paulo com aquele sol se despedindo de mim. Ao meu redor estão pessoas, gestos, cheiros e o tempo correndo.

De uma forma melancólica e intrigante, me deparo com aquele pôr do sol. Ele se vai, e eu fico.

É tudo tão rápido, que eu duvido que aquelas pessoas que eu encontro todos os dias naquele vagão vão suplicar para que a lua dê o seu brilho de uma forma que traga alívio.

Desembarco na estação do Brás. Traços e passos. O ritual ainda continua quando eu observo daquela escada rolante o anoitecer vagando por ali.

Quando eu volto para a minha sã consciência, encontro-me na estação Ana Rosa.
A noite chegou. A calmaria, talvez. E a incerteza que uma cidade inquieta só irá dormir quando o dia raiar.



Crônica escrita especialmente na aula de Laboratório de Redação II - Jornalismo.