terça-feira, 24 de setembro de 2013

Alguém que parte, e não volta...

Todos os dias eu venho ao mesmo lugar.
Às vezes fica longe, difícil de encontrar...


Ontem, pela primeira vez, pude falar de ti. Consegui falar de ti. Parece que todos os meus pensamentos se transformam em lágrimas quando eu penso em ti, e no tempo que passamos juntos. Foram oito anos de muito amor, carinho, brigas e paixão. Oito anos que me entreguei a ti. Foram oito anos de um fruto especial.
As pessoas ainda percebem como eu me sinto, mas eu tento de alguma forma reverter esses demônios que me atormentam. Eu nunca irei me conformar. Nunca!
Queria te dizer também que estou louca de saudades de ti. Todos os dias eu sinto a sua falta. Todos que gostavam de você também sentem. Todos os dias!
Além desta saudade que não me conforta, mas que me cobre de nostalgia, queria te dizer que a nossa filha está linda. Aline cresce a cada dia. Sua mãe outro dia me disse que ela está se parecendo, a cada passo, contigo. Meus olhos brilharam quando ela me disse isso. Eu sorri em forma de gratidão. 
Eu queria muito que você estivesse aqui. Aline também queria.
Quando você partiu daquela forma que ninguém conseguiu entender, a nossa pequena iria completar três anos. Amanhã ela completará seis. O tempo está passando e você não está mais neste tempo. No nosso tempo.
Tento entender todos os dias o por quê a vida foi tão injusta conosco. Mas quando eu olho para Aline, a vejo como eu tivesse você nos meus braços. Os seus traços refletem nos olhos de nossa pequena.
Nestes últimos anos, tentei lutar pela justiça por você, pela Aline, por nós. Mas nada irá te trazer de volta. Nada!
Eu não queria me cansar, luto para criar a nossa pequena. Ela é a única razão do meu viver.
Me despeço de ti pela segunda vez na semana, debruçada neste túmulo de mármore, revestido de poucas flores. As flores estão vivas ainda. Estas flores representam o meu amor que nunca morrerá por você, Marcelo.
Você sempre foi o meu primeiro e grande amor. E eu sempre irei me lembrar daquela praia deserta e nublada onde nós nos vimos pela primeira vez.
Vou continuar lutando por ti, pela a Aline e por todo este amor que construímos juntos.
Eu te amo. E sempre vou te amor.
Descanse em paz.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Reencontro(s)

O rosto era o seu. (Seu rosto de menina).

Eu não tinha muito o que fazer além de observá-la, discretamente. Tímido do jeito que eu sempre fui, desde os meados dos anos oitenta, não conseguia me conter. Acho que ela percebeu o quanto a sua beleza me constrangia.
A Carolina veio falar comigo. Ela veio falar comigo!
- Renan! Quanto tempo!
Ela me reconheceu.
Carolina continuava linda, do jeito que sempre foi.
Eu não queria contar que a minha vida estava um caco: comecei a fumar depois que terminamos o colegial no final dos anos noventa. Mas pelo meu sorriso sem graça, ela percebeu que eu não tinha tantas novidades assim...
- Carolina...  Você continua tão linda...
Foi o que eu pensei de imediato a falar, mas no final do meu raciocínio só saiu um "Oi Carolina". Como eu pude deixar escapá-la?
Ela gostava de ouvir música folk e tocava violão muito bem. A gente se conheceu no início do colegial, e nos desconhecemos no baile do último ano do colegial.
Mas ontem, Aaah... Ontem! Carolina gravava nomes e datas como ninguém!
Fiquei me perguntando como ela conseguiu me reconhecer naquela lanchonete tão lotada... Antes que eu estragasse tudo pela segunda vez, mantive os meus pensamentos calados.
- Você ainda está morando com os seus pais?
"Não. Mas o que eu queria era morar com você, Carolina". Só que eu me calei. Calei os meus pensamentos pela segunda vez naquela noite.
- Não moro mais com os meus pais. Estou morando num apartamento que eu comprei.
Ela sorriu com uma afeição. Um sorriso de gratidão à vida por ter me proporcionado aquele reencontro.
A gente não tocou em nenhuma palavra que se referia ao nosso passado. Foi melhor assim.
O celular de Carolina tocou. Ela o atendeu. Acho que a ligação era muito importante, pois aquela moça bonita, dos olhos verdes tirou o sorriso que me cativava e o trocou por um olhar sério. Ela teve que sair. Carolina partiu pela segunda vez, e por culpa deste ser que vos escreve, eu não a impedi. Na ânsia de tê-la novamente, voltei para casa com um único pensamento:  eu só queria mais um reencontro...



  Quando te vi tive a certeza de que não seria a última vez.

Por quê o meu telefone foi tocar justo naquela hora?
Eu só o atendi porque era urgente. Eu tive que sair daquela lanchonete porque era a minha mãe ao telefone.
Mas quando eu voltei, o Renan já não estava mais por lá!
Era incrível como a sua timidez ainda o constrangia. A timidez dele me contagiava também.
Será que ele ainda sabia que eu gostava de ouvir música folk e que eu ainda sabia tocar violão? Os anos se passaram depois daquele baile. Ontem, na lanchonete, os minutos se passaram também.
Tentei puxar assunto e eu comecei com a pior pergunta. O perguntei se ainda morava com os pais.
"Porra, Carolina". É, eu sei... A euforia de puxar assunto foi pior do que o meu raciocínio.
O Renan continuava encantador. Sempre foi.
O destino brincou com a gente, mas brindou conosco naquele reencontro. No instante em que eu parti, torcia para que o Renan ultrapassasse a sua timidez e me impedisse naquela saída da lanchonete. Mas nada aconteceu do jeito que planejei.
Depois de ontem, naquela lanchonete, cheguei ao meu apartamento e fui até a sacada abafar a minha euforia. E fiquei pensando no Renan.
Graças ao acaso e àquela pergunta ridícula que eu fiz a respeito de sua moradia, que o apartamento que o Renan mora atualmente, fica em frente ao meu prédio.
Enquanto a minha euforia ia embora, reparei daquela sacada que o dono daqueles passos era os de Renan. Ele entrou no prédio, mas ele não me viu.
Se ele ainda desejou, um dia, me reencontrar... reencontrará!
Nos reencontraremos!

Boa noite, diário!