quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

De outros carnavais, com outras fantasias...

Às cinco horas da tarde o sol continuava a arder. Fernanda detestava todo aquele sol, todo aquele verão interminável de dois anos atrás. E detestava a ideia de ir caminhando até o ponto de ônibus. Ardendo. Ela era a única a estar debaixo daquele sol já às cinco e vinte da tarde, esperando o ônibus que nunca chegava.
Fernanda tinha sonhos. Sonhava acordada todos os dias. Enquanto tentava voltar ao mundo real, Fernanda abriu a sua bolsa, caçou por dois minutos os seus fones e os plugou em seu celular. "Preciso atualizar esta playlist", disse Fernanda.
O ônibus chegou. Fernanda entrou. Cumprimentou o mesmo motorista, e ultrapassou a catraca. Sentou-se no mesmo banco de sempre onde o sol não atrapalhasse. O ônibus estava vazio. Quase vazio. Eram as mesmas pessoas. Os meus cheiros. As mesmas paradas.
Numa dessas, um homem bonito, que aparentava ter seus 27 anos, sentou-se ao lado de Fernanda. A Fernanda nunca reparava nas pessoas que sentavam ao seu lado na ida e na volta do trabalho. Mas dessa vez foi diferente.
Atração. Essa foi a palavra e o sentimento que a Fernanda sussurrava para si mesma. Tentou tirar a pior cara de sono, sentou-se corretamente, desconcertada, no banco. O homem a olhou. Ela desviou o olhar.


"Que menina linda", disse Celso, ao olhar para a moça tímida que já estava sentada quando se sentou naquele ônibus quase vazio. O Celso acreditava em destino. Já aquela menina, em sonhos.
Parecia besteira, mas era o acaso. Acaso e destino. Sonhos e mais sonhos. Em qual você acredita?
Celso não iria entrar naquele ônibus se não fosse um único motivo: ele já conhecia a Fernanda de outros carnavais. Era o destino! Talvez. Uns acham que foi atração.
Os dois fortaleceram as amizades. Se conheceram melhor. E Fernanda não foi pra cama com ele no primeiro encontro. Celso era diferente.
Fernanda deixou de sonhar acordada debaixo daquele sol de verão. Criou motivos para acreditar em destino. Acreditou no destino quando aquele mesmo rapaz que a olhou dentro daquele ônibus, sorriu para os seus olhos antes que a Fernanda desviasse o olhar.
Não me pergunte se foi amor à primeira vista. Não sei mais se foi acaso ou destino. Foi o amor.
Sim, o amor.

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